quarta-feira, 6 de setembro de 2017

O perfil do leitor com dificuldades de compreensão e do bom leitor

As  pesquisas  que  visam  explicar  as  dificuldades  de  leitura  muitas  vezes  não
conseguem identificar uma homogeneidade no perfil de leitores com dificuldades
de compreensão (LDC) cuja principal característica  é o déficit na compreensão
leitora apesar de sua boa decodificação. A maioria  das investigações exploram os
fatores  cognitivos  como  memória  e  vocabulário.  Poucas  se  interessam  em
identificar  o  perfil  dos  LDC  através  da  avaliação  de  outros  aspectos  como  os
hábitos de leitura. Neste trabalho, buscamos traçaro perfil de LDC e compará-lo
com o perfil de bons leitores (BL) de modo a poder  verificar se além das diferenças
de  desempenho,  já  conhecidas,  os  grupos  também  se  distinguem  em  outros
aspectos relacionados à leitura. A partir da seleção, que envolveu a avaliação da
leitura  de  palavra  isolada  e  a  avaliação  da  compreensão  de  texto  escrito,
identificamos 49 BL e de 37 LDC dentre 336 estudantes de 8ª série. A investigação
do  perfil  dos  grupos  foi  realizada  por  meio  de  um  questionário  escrito  que  os
próprios participantes responderam. Os dados revelaram diferença na experiência
dos grupos com a leitura, sendo essa significativa  na autoavaliação, interesse,
frequência de leitura e número de livros lidos. Confirmamos que os LDC têm um
perfil mais heterogêneo do que os BL, o que torna difícil a generalização de suas
características. Além disso, verificamos a existência de correlação positiva entre
o  desempenho  em  compreensão  leitora  e  o  número  de  livros  lidos  pelos
estudantes. Por fim, constatamos que o questionárioé um importante instrumento
de pesquisa que pode auxiliar na compreensão das diferenças entre BL e LDC,
necessitando  ser  expandido  futuramente  para  orientar  tanto  estudos  teóricos
quanto intervencionistas e até mesmo a prática pedagógica.

Resumo publicado em:
(Per)cursos (Inter)disciplinares em Letras :: ISSN 2175-1978 :: UNISC, 2017
http://www.unisc.br/site/coloquio2017/

quarta-feira, 21 de junho de 2017

Diferentes visões e componentes da compreensão leitora



Profa. Dra. Lucilene Bender de Sousa
Profa. Dra. Lilian Cristine Hübner

A compreensão é um processo cognitivo amplo que ocorre em diferentes níveis de consciência quando nos deparamos com fatos, movimentos, objetos, imagens, sons, letras, etc. Assim que nossos órgãos capturam esses sinais externos, nosso cérebro parece buscar um sentido para eles, o que ocorre principalmente por meio da conexão desses sinais com nossas memórias, conhecimentos e experiências prévias. Parece que estamos sempre tentando reconhecer padrões. Um exemplo disso é quando vemos um desenho e tentamos determinar com o que ele se parece. A compreensão, portanto, depende muito da memória e das relações que estabelecemos entre o novo e o velho. De certa forma, pode ser considerada subjetiva, já que depende das experiências, as quais são únicas para cada indivíduo. Ao mesmo tempo, também pode ser coletiva porque o indivíduo é constantemente influenciado pelo meio social onde vive e faz a sua história. A compreensão em seus múltiplos aspectos cognitivos e sociais, subjetivos e racionais, é um processo que perpassa muitas tarefas cotidianas, desde a comunicação oral, a leitura, a escrita, o cálculo, até o aprendizado de modo geral.
Apesar de sua amplitude, a compreensão é pouco estudada fora da modalidade escrita, na qual se (con)funde com a noção de leitura. A compreensão em leitura se diferencia das demais por sua especificidade linguística. Mas o que é, afinal, a leitura? Existem muitos conceitos de leitura dependendo do ponto de vista que se adota: linguístico, cognitivo, social, literário, fenomenológico, etc. (LEFFA, 1996). Nossa visão fundamenta-se nas interfaces da psicologia cognitiva com a linguística, em uma área denominada psicolinguística. Por meio dessas interfaces, buscaremos abordar as questões introdutórias sobre o tema: seria a leitura apenas o reconhecimento das palavras, como sugere Kamhi (2009b)? Seria apenas a compreensão, a construção de sentido, como propõe Smith (2003)? Ou seria uma combinação dessas duas habilidades, como indica a Visão Simples da Leitura (Simple View of Reading) de Gough e colegas (1996)? Teoricamente, as posturas com relação à leitura e à compreensão variam das mais restritas às mais abrangentes, como explicamos a seguir.

O TEXTO NA ÍNTEGRA ESTÁ PUBLICADO NO LIVRO: 

http://www.insular.com.br/loja3/product_info.php/products_id/1060