segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Does the mental lexicon exist?

Does the mental lexicon exist?

 Lucilene Bender de Sousa
Rosângela Gabriel


Resumo: Um dos componentes mais centrais e intrigantes do processamento da linguagem para os pesquisadores é o léxico mental. O termo foi usado pela primeira vez por Ann Triesman em 1961 e até o momento não temos respostas claras sobre como ele é estruturado e quanta informação contém, ou mesmo se existe algo a ser chamado de léxico mental. Durante algum tempo, o léxico mental foi comparado a um dicionário mental, responsável por armazenar e organizar o conhecimento de palavras; entretanto, certamente há distinções em termos de estrutura e quantidade / qualidade de informação armazenada. Alguns pesquisadores acreditam que existem vários léxicos, um para cada nível de informação (ULLMAN, 2007): léxico ortográfico, fonológico, semântico e sintático. Outro grupo de pesquisadores (MCCLELLAND; ROGERS, 2003; SEIDENBERG, 1997, etc.) defende a existência de apenas um léxico no qual todos os níveis de informação estão integrados. Recentemente, Elman (2009) apresentou uma nova e audaciosa proposta: a inexistência do léxico mental. Neste artigo, discutimos as diferentes perspectivas de estrutura e conteúdo do léxico mental com o propósito de questionar a arquitetura do conhecimento lexical no cérebro em contrapartida ao que pode ser conscientemente concebido como conhecimento lexical do falante. Procuramos dar continuidade à discussão proposta por Elman e confrontá-la com dados obtidos por estudos comportamentais, computacionais e de neuroimagem. Esta revisão teórica explica brevemente a evolução das concepções sobre o léxico mental desde a proposta da analogia ao dicionário até a proposta de sua inexistência.

Palavras-chave: conhecimento linguístico; léxico mental; arquitetura em rede; processamento da linguagem; descrição da linguagem.

Abstract: One of the central and most intriguing components of language processing to researchers is the mental lexicon. The term was used for the first time by Ann Triesman in 1961 and we still do not have clear answers on how it is structured and how much information it contains, or even if there is something to be called a mental lexicon. For some time, the mental lexicon has been compared to a mental dictionary both storing and organizing word knowledge; however, they are surely different in structure and quantity / quality of information. Neuroimaging studies have also tried to bring contributions to these questions. Some researchers believe that there are many lexicons, one for each level of stored information (ULLMAN, 2007): orthographic, phonological, semantic and syntactic lexicons. Another group of researchers (MCCLELLAND; ROGERS, 2003; SEIDENBERG, 1997, etc.) postulates the existence of only one lexicon where all information levels are integrated. Recently, a new audacious proposal has been done by Elman (2009), the inexistence of a mental lexicon. In this paper, we discuss the different views of the mental lexicon structure and content, in order to question the architecture of the lexical knowledge in the brain as opposed to what can be consciously thought as the speaker’s lexical knowledge. We try to proceed on the discussion of Elman’s new proposal and confront it to data obtained by behavioral, neuroimaging and computational studies. This theoretical review briefly explains the evolution of the mental lexicon conceptions from the dictionary-like to the no-lexicon proposal.

Keywords: linguistic knowledge; mental lexicon; network architecture; language processing; language description.

Artigo completo publicado na Revista de Estudos da Linguagem, Belo Horizonte, v. 23, n.2, p. 335-361, 2015 http://www.periodicos.letras.ufmg.br/index.php/relin/article/view/5642

sábado, 19 de setembro de 2015

Projeto Leitura + Neurociências

O site http://www.leituramaisneurociencias.com/ divulga as ações, publicações, softwares e cursos para professores e pesquisadores interessados no tema: leitura e neurociência.

Além do site, outra forma de conhecer mais sobre o assunto é assistir o programa Café Filosófico com a coordenadora Prof. Angela Naschold https://www.youtube.com/watch?v=kWZGbDNQDRM


segunda-feira, 3 de agosto de 2015

Comparing good and poor readers' comprehension

COMPARING GOOD AND POOR READERS’ COMPREHENSION
Lucilene Bender de Sousa (PUCRS – Brazil)
Lilian Cristine Hübner (PUCRS – Brazil)


Reading comprehension is a multicomponent process that requires the efficiency of text-based
representation and the construction of a situational model (KINTSCH, 1998). The first highly
relies on word recognition, linguistic knowledge and memory capacity. The second depends
more on world knowledge, integration and inference generation. A good text understanding is
reached  when  readers  are  able  to  represent  the  mainpropositions in memory but also to
integrate the text content to their previous knowledge and experience. This research aims to
investigate  if  good  and  poor  readers’  comprehensiondiffers on text-based representation
and/or  situational  model  by  assessing  their  readingcomprehension through literal and
inferential questions in reading and listening comprehension tasks. The participants were 139
students at the 8th grade of public schools recruited from a group of 336 8th graders. They all
accomplished a reading and a listening comprehension task with 6 texts (3 oral and 3 written)
each followed by 5 multiple choice questions, summing up 30 points, 15 for each tasks. The
groups were classified according to their performance in the reading task: good readers had
scores  at  least  1  standard  deviation  above  the  meanand poor readers at least 1 standard
deviation  below  the  mean.  After  selecting  the  groups,  their  performance  on  literal  and
inferential questions was compared. The comparisonswere done by non-parametric statistical
tests, as the variables were not normally distributed. The results showed that both groups were
better  answering  literal  questions  as  compared  to  inferential  ones  on  reading  (Z  =  -  6,97;
p  =  0,001)  and  on  listening  (Z  =  -2,80;  p  =  0,001) task.  Table  1  presents  the  means  and
standard  deviations  of  the  percentage  of  right  answers  for  each  group.  Good  readers  had
significant better performance in literal and inferential questions.





The  results  seem  to  confirm  the  hypothesis  that  poor  readers  have  difficulty  in  inference
generation.  According  to  Kintsch’s  Construction  Integration  theory,  building  a  coherent
situational model is a complex task and may be  challenging even  for  good readers. On the
other hand, it was surprising that poor readers also have low performance on literal questions,
which reflects problems on text-based representation. This study showed that Brazilian young
readers with low reading ability even after eight  years of formal education still struggle on
basic  reading  processes  as  text-based  representation.  It  also  shows  that  poor  readers  have
difficulty in generating inferences while resolvingreading and listening comprehension tasks.
These results have important educational implications pointing to the necessity of providing
poor readers with instruction on complex as well ason simple reading processes. Moreover,
instruction on inference generation may be extendedto oral text comprehension activities.




REFERENCE
Kintsch,  W.  (1998). Comprehension: a  paradigm  for  cognition.  Cambridge:  Cambridge
University Press.






Trabalho apresentado no 3rd Apoll International Psycholinguistics Congress - anais completos disponível em http://ipcinrio.sciencesconf.org/resource/page/id/18



terça-feira, 5 de maio de 2015

Desafios na avaliação da compreensão leitora

Lucilene Bender de Sousa
Lilian Cristine Hübner


Este  artigo  aborda  importantes  desafios  na  construção  de  tarefas  de  avaliação  da compreensão  leitora,  revisando  dois aspectos cruciais: as demandas cognitivas presentes nas tarefas e a leiturabilidade textual. Ao longo da revisão reflete -se sobre a complexidade envolvida na avaliação da compreensão leitora juntamente com os cuidados e os critérios a serem tomados quando da construção das tarefas em relação aos dois aspectos discutidos (demandas cognitivas e leiturabilidade). Na primeira parte, o artigo apresenta diferentes tipos de tarefas que buscam investigar o produto da compreensão leitora, destacando seus objetivos e limitações. Então, discute os processos cognitivos subjacentes que influenciam no produto da compreensão leitora como o reconhecimento de  palavra, o conhecimento prévio, as memórias e a habilidade de expressão verbal. Na segunda parte, aborda métodos quantitativos e qualitativos de análise da leiturabilidade dos textos, bem como os fatores  que  devem  ser  levados  em  consideração  quando  da  escolha  do  texto  para  compor  as  tarefas  avaliativas  da compreensão leitora. Por fim, conclui que, apesar dos progressos da pesquisa sobre leitura nas últimas décadas, a avaliação da compreensão leitora tem incorporado poucos desses avanços. Há uma lacuna em relação a estudos integrados capazes de promover a interface entre a pesquisa em leitura e a pesquisa em avaliação da compreensão leitora.
Palavras-chave: leitura; compreensão; cognição; leiturabilidade; avaliação.


Para ler o artigo completo acessar: http://neuropsicolatina.org/index.php/Neuropsicologia_Latinoamericana/index

quarta-feira, 25 de março de 2015

Entrevista sobre leitura

Esta entrevista foi concedida pela Prof. Lucilene Bender de Sousa a uma aluna do Curso de Comunicação Social da UNISC no ano de 2014.

 Como a leitura é vista atualmente?
Bem, depende de quem olha. A leitura é vista de diversas formas por diferentes grupos sociais e profissionais. Em geral, as pessoas restringem a noção de leitura aos textos literários, jornais e revistas. Certamente, eles são importantes, mas não podemos esquecer da funcionalidade da leitura em nosso cotidiano. Lemos o nome das ruas, o guia telefônico, as bulas de remédio, as embalagens. Lemos e escrevemos o tempo todo na internet, no celular, no tablete. A leitura é uma necessidade, pois por meio dela participamos nas atividades sociais e temos acesso ao conhecimento.

Quais são os benefícios para o aluno que gosta de ler?
Os alunos que gostam de ler melhoram seu raciocínio, sua memória e especialmente sua linguagem. Aprendem vocabulário e novas estruturas sintáticas e discursivas, como consequência, tornam-se leitores mais proficientes e passam a usar a língua de forma mais correta e criativa. Além dos benefícios linguísticos, os alunos que gostam de ler expandem seus horizontes, aumentam em muito seu conhecimento de mundo e seu conhecimento próprio.

De que forma os livros auxiliam no desenvolvimento da linguagem?
Os livros contêm uma modalidade linguística diferente da oral. Não escrevemos da forma que falamos. A escrita, portanto, não é uma simples tradução da fala. Os livros nos ajudam a conhecer esta que para muitos é uma “língua estrangeira”, a língua escrita: palavras novas, estruturas frasais mais complexas, recursos literários como as figuras de linguagem, etc. Bons leitores normalmente são bons escritores, pois conhecem as vastas possibilidades de uso da linguagem e são impulsionados a inovar a partir de suas experiências.

A facilidade que cada aluno tem para o aprendizado está relacionada com a quantidade de leitura que ele tem?
É bem possível que sim, principalmente na fase de aprendizado da leitura. Gosta de ler quem compreende o que lê. A dificuldade de compreensão certamente é um dos fatores que afastam muitos da leitura.

Quais são os processos envolvidos na construção de sentidos a partir da leitura?

Essa é uma das perguntas centrais da ciência da leitura. A resposta depende do ponto de vista teórico adotado. A construção de sentidos depende de dois processos simultâneos: os ascendentes, da palavra para o tema, e os descendentes, do tema para palavra. Os ascendentes iniciam com a decodificação, seguidos do reconhecimento das palavras e da ativação dos seus significados. Os descendentes envolvem a integração dos significados das palavras individuais ao tema do texto, aos conhecimentos prévios e às hipóteses de leitura. À medida que se lê, é preciso sintetizar os blocos de informações em ideias mais gerais que vão sendo integradas progressivamente à representação mental do texto.  

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Ensino do léxico por meio da leitura mediada

Os anais do SIELP - Simpósio Internacional de Ensino de Língua Portuguesa que aconteceu em 2014 em Uberlândia estão disponíveis online http://www.ileel.ufu.br/anaisdosielp/. Nele é possível encontrar os trabalhos completos apresentados no evento. Inclusive o que apresentamos:

Ensino do léxico por meio da leitura mediada
http://www.ileel.ufu.br/anaisdosielp/wp-content/uploads/2014/11/1156.pdf
 

Doutoranda Lucilene Bender de Sousai (PUCRS)
Prof. Dr. Rosângela Gabrielii (UNISC)

Resumo: Existe uma forte relação entre o conhecimento das palavras e a proficiência em leitura, o que vem sendo comprovado por inúmeras pesquisas. A leitura revela uma imensidão de palavras e possibilidades semânticas desconhecidas pelas crianças, inaugurando uma nova modalidade de interação e experiência com a língua materna. Constitui-se, assim, como um importante espaço de aprendizado de vocabulário porque apresenta as palavras em contextos significativos. Além de contribuir para a ampliação do conhecimento léxico-semântico, a leitura promove o desenvolvimento da atenção e consciência, possibilitando um movimento mais lento, de pensar a língua, integrar e compor as ideias expressas nas palavras. Neste trabalho, refletiremos sobre o uso da leitura mediada como caminho pedagógico para o ensino do léxico em língua materna e incremento da proficiência leitora. Primeiramente, explicaremos a natureza cognitiva da palavra e a importância de processos metacognitivos para o aprendizado lexical. Em seguida, descreveremos importantes estratégias de inferência lexical na leitura. Por fim, exploraremos de que forma a leitura mediada pode ser utilizada pelo professor no ensino de vocabulário. O uso desse recurso pedagógico tem a vantagem de ser de simples aplicação, pois não requer equipamentos ou investimentos, e permite ao professor trabalhar com dois pontos fundamentais para o aprendizado de palavras: a metacognição e as estratégias de inferência lexical. Além disso, a leitura mediada é agradável aos alunos, pois tem como essência a construção do conhecimento léxico-semântico por meio da interação em grupo. A leitura mediada tem potencial para gerar ampliação do léxico em língua materna e desenvolvimento na compreensão leitora, visto que tem como cerne o processo de pensar sobre a língua e seu uso coletivamente. Palavras-chave: ensino, léxico, leitura mediada, inferência, metacognição.

domingo, 11 de janeiro de 2015

Retratos da leitura no Brasil

A pesquisa Retratos da leitura no Brasil foi aplicada pela terceira vez, em 2011, em âmbito nacional. Esse levantamento vem sendo promovido pelo Instituto Pró-Livro e pode ser encontrado no site http://prolivro.org.br/home/. A ideia é analisar indicadores que permitam orientar programas e projetos de inclusão cultural da população brasileira, além de identifi car  fatores que levem à leitura e promovam o acesso ao livro em grande escala. Dentre os itens investigados estão o perfil do leitor brasileiro, dificuldades para ler, o que a leitura significa, interesse e motivação dos leitores, preferências de leitura, acesso a livros e bibliotecas, etc. Muito interessante!