Profa. Dra. Lucilene Bender de Sousa
Profa. Dra. Lilian Cristine Hübner
A compreensão é um
processo cognitivo amplo que ocorre em diferentes níveis de consciência quando
nos deparamos com fatos, movimentos, objetos, imagens, sons, letras, etc. Assim
que nossos órgãos capturam esses sinais externos, nosso cérebro parece buscar um
sentido para eles, o que ocorre principalmente por meio da conexão desses
sinais com nossas memórias, conhecimentos e experiências prévias. Parece que
estamos sempre tentando reconhecer padrões. Um exemplo disso é quando vemos um
desenho e tentamos determinar com o que ele se parece. A compreensão, portanto,
depende muito da memória e das relações que estabelecemos entre o novo e o
velho. De certa forma, pode ser considerada subjetiva, já que depende das
experiências, as quais são únicas para cada indivíduo. Ao mesmo tempo, também
pode ser coletiva porque o indivíduo é constantemente influenciado pelo meio
social onde vive e faz a sua história. A compreensão em seus múltiplos aspectos
cognitivos e sociais, subjetivos e racionais, é um processo que perpassa muitas
tarefas cotidianas, desde a comunicação oral, a leitura, a escrita, o cálculo,
até o aprendizado de modo geral.
Apesar de sua
amplitude, a compreensão é pouco estudada fora da modalidade escrita, na qual
se (con)funde com a noção de leitura. A compreensão em leitura se diferencia
das demais por sua especificidade linguística. Mas o que é, afinal, a leitura?
Existem muitos conceitos de leitura dependendo do ponto de vista que se adota:
linguístico, cognitivo, social, literário, fenomenológico, etc. (LEFFA, 1996).
Nossa visão fundamenta-se nas interfaces da psicologia cognitiva com a
linguística, em uma área denominada psicolinguística. Por meio dessas
interfaces, buscaremos abordar as questões introdutórias sobre o tema: seria a
leitura apenas o reconhecimento das palavras, como sugere Kamhi (2009b)? Seria
apenas a compreensão, a construção de sentido, como propõe Smith (2003)? Ou
seria uma combinação dessas duas habilidades, como indica a Visão Simples da
Leitura (Simple View of Reading) de
Gough e colegas (1996)? Teoricamente, as posturas com relação à leitura e à
compreensão variam das mais restritas às mais abrangentes, como explicamos a
seguir.
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